sábado, 23 de julho de 2011

...

Os trovadores estão mortos
o que sobrou foram linhas
sem métrica, de versos tortos

A liberdade fez da arte
amorfa expressão
e do poeta, baluarte
em cada colocação

Não tendo osbtáculos o pós-modernista
é seu papel desconstruir tudo que exista

Já dizia o poeta:

Toda confissão não transfigurada pela arte é indecente
Assim, confesso que meu coração bate lento, descrente
Que assim está meu bom senso... ausente
Que assim está meu sentimento...carente
Que não vejo sombra de paixão... ardente
Que só vejo em ti negação...veemente
Assim, encerro meus versos pra não parecer... insistente

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Nebuloso Sentimento

Quando nebulosa tornar-se sua alma
sem luz e sem emoção
saiba que sou satélite
a orbitar seu coração

Se seu sentimento tornar-se buraco negro
e deixar seu peito aberto
mesmo assim não terei medo
de chegar por perto

Núcleos estelares
queimando com ardor
não podem sintetizar
os elementos do amor

2001

A terra deixo para trás
em busca de longínqua lua
novo universo se faz
ao passo que Gaia recua

Fatídico invólcruo move-se
à meia velocidade da luz
enquanto máquina encobre-se
e oblitera atmosfera que dispûs

Em meu destino, por fim
encontro, assombrado, artefato
aura onírica se envolve em mim
não distinguo sonho de fato

No centro da galáxia, o tempo passa reverso
eu me torno criança e senhor de meu universo

terça-feira, 19 de julho de 2011

Nietzsche e os Urubus

Era tarde, porém dia
monocromático céu
o sol, as nuvens, escondia

Era cedo, porém escurecia
e os urubus passavam
atrás de corpo em agonia

Se uma dessas aves falasse
poderia me contar seu segredo
talvez eu somente parasse
talvez eu corresse de medo

Se uma dessas aves pudesse falar
poderia me passar em confidência
eu tentaria não me abalar
ouvindo o segredo da decadência

Poesia em Dois Atos

Em momentos de fossa
em momentos de solidão
do terror que se apossa
de um quebrado coração

Faz, romântico, surrealista
transforma em poesia
tudo que avista

De toda liberdade
que traz a arte
de toda verdade
que dela faz parte

Faz do verso livre
expressão fatual
para tudo que vive

Inominável Soneto

Teu semblante em minha mente impera
E as tuas imagens me dão no peito um ardor
Sinto que minha razão se dilacera
Paixão que me causa dor

Sentimentos de confusão
Um vai e vem de de esperança
Fixos eles jamais estão
Me fazem sentir como criança

Do miasma sombrio que era
Meu interior se torna primavera
Repleto de flores belas

Liberto-me de mundanos pudores
Me sinto pleno, brilhante e perfeito
Ao recostar minha face em teu peito

Por: Marcos Aurélio

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Morfeu no País do Soneto

Um dia, Morfeu
visitou a terra da forma
abandonou os versos livres
e a liberdade que transforma

Um dia, Morfeu
desbravou os oceanos
a busca do soneto
são seus novos planos

Nesse dia, Morfeu disse a Dalí
não quero seu quadro barato!
aproveite também
pra se livrar desse gato!

Um dia, Morfeu
- e isso eu não admito! -
foi pra terra da poesia
e lá lhe chamaram de mito

Então...

Então tá, né?
se você diz eu aceito
eu tenho que aceitar
de qualquer jeito

Então tá bom...
se você diz eu acredito
e a verdade fica assim
no que não é dito

Então...
não tenho o que falar
fiquemos assim
só trocando olhar

Pois é...
eu já ia dizer
estava de saída
boa noite pra você

A Mente Que Não Mente

A mente do artista se encontra vazia
vazia de ideias
vazia de paixões
vazias de sentidos
e claras conexões

A mente do artista se encontra nua
no beco sem saída
sem destino
sem rua

A mente do artista se encontra faminta
com fome de ideias
com fome de amores
flores, perfumes e clamores

A mente do artista se encontra mentindo
mente sobre a vida
sobre o sofrimento
e continua sorrindo

A mente do artista é a mente que não mente
dramatiza tudo
e no fundo não ressente

A mente do artista não está pronta
e aliás, onde mesmo ela se encontra?

Preguiça

Preguiça, por ti falho
por ti não faço nada
não concluo mísero trabalho

Cansaço que me consome
me faz operário, apenas,
a satisfazer sua fome

Sono que me domina
me faz morto-vivo
dormir, injuriosa sina

Vermes de minha mente, inútil ralé
matarei-os todos com um copo de café

domingo, 17 de julho de 2011

Insensata Rainha

De tão incauto fora
meu eu negando precaução
que o castigo da masmorra
já conhecia de antemão

Tanto a vida que me nega
quanto a ti, devida atenção
que a razão alegria não se apega
muito menos dá a mão

Não posso ignorar a verdade
deixar de lado cuidosa emoção
isso seria dar piedade
a já desgastado coração

Então não venhas negar em  teu reino coroa
pois não preciso de você, só de sua pessoa